Roteamento de Redes de Computadores

Redes de Computadores Thiago Rossi
Tempo de leitura: 8 minutos

Roteamento de Redes de Computadores: Em nossos artigos anteriores, estabelecemos as bases: entendemos o que são redes de computadores, seus tipos e topologias, e como o endereçamento IP (IPv4 e IPv6), juntamente com máscaras de sub-rede e subnetting, identifica e localiza dispositivos em redes específicas. Vimos que dispositivos na mesma rede local podem se comunicar diretamente. Mas o que acontece quando um dispositivo precisa enviar dados para outro dispositivo que está em uma rede completamente diferente, talvez do outro lado do mundo?

É aqui que o Roteamento entra em cena. O roteamento é o processo crucial que permite que pacotes de dados viajem através de múltiplas redes interconectadas, encontrando o melhor caminho do ponto de origem ao ponto de destino. Sem o roteamento, a Internet, que é essencialmente uma “rede de redes”, simplesmente não existiria.

Este artigo tem como objetivo apresentar os conceitos básicos de roteamento. Vamos explorar o papel do principal dispositivo de roteamento, o roteador, como ele toma decisões de encaminhamento usando a tabela de roteamento, e introduzir os tipos fundamentais de roteamento (estático e dinâmico) e a ideia por trás dos algoritmos de roteamento. Nosso foco é ser o mais didático possível, tornando este tópico acessível para iniciantes e fornecendo uma revisão sólida para profissionais de infraestrutura.

O Que é Roteamento? Mais do Que Simples Encaminhamento

Roteamento de Redes de Computadores: No contexto de redes de computadores, roteamento é a função realizada na Camada de Rede (Camada 3 do Modelo OSI) ou na Camada de Internet (Modelo TCP/IP). Sua tarefa principal é selecionar o melhor caminho para que um pacote de dados viaje da sua origem até o seu destino final, quando a origem e o destino estão em redes diferentes.

Não confunda roteamento com encaminhamento (forwarding). O encaminhamento é a ação de mover um pacote de dados de uma interface de entrada para uma interface de saída de um dispositivo de rede. O roteamento é o processo de decidir qual interface de saída usar para chegar a uma rede de destino. O roteador primeiro realiza o roteamento (decide o caminho) e depois o encaminhamento (envia o pacote por esse caminho).

O Roteador: O GPS das Redes

Roteamento de Redes de Computadores: O dispositivo primário responsável pelo roteamento é o Roteador. Como o nome sugere, ele encontra rotas. Os roteadores são dispositivos inteligentes que conectam diferentes redes (LANs a outras LANs, LANs a WANs, WANs a outras WANs) e agem como pontos de intercâmbio de tráfego.

A função essencial de um roteador é examinar o endereço IP de destino de cada pacote de dados que chega a uma de suas interfaces e, usando as informações que possui sobre as redes conectadas e acessíveis, determinar o próximo “salto” (next hop) para o qual esse pacote deve ser enviado para eventualmente chegar ao seu destino final.

Pense em um roteador como um cruzamento de estradas com um mapa complexo e placas de sinalização. Quando um carro (pacote de dados) chega, o roteador olha o endereço de destino no “envelope” do pacote e consulta seu “mapa” (a tabela de roteamento) para decidir qual “estrada” (interface de saída) o carro deve pegar para chegar mais perto do seu destino.

Como um Roteador Toma Decisões: A Tabela de Roteamento

A inteligência de um roteador reside principalmente em sua Tabela de Roteamento. A tabela de roteamento é um banco de dados armazenado na memória do roteador que contém informações sobre as diferentes redes que o roteador conhece e como alcançá-las. Quando um pacote chega, o roteador realiza os seguintes passos:

  1. Examina o endereço IP de destino no cabeçalho do pacote.
  2. Compara o endereço IP de destino com as entradas na sua tabela de roteamento. Ele procura a entrada que corresponda à rede de destino do pacote. A correspondência mais específica (com a máscara de sub-rede mais longa, ou prefixo mais longo em CIDR/IPv6) geralmente tem precedência.
  3. Se encontrar uma correspondência, o roteador usa as informações dessa entrada para encaminhar o pacote:
    • Rede de Destino: A rede ou sub-rede para a qual a rota é válida (por exemplo, 192.168.10.0/24).
    • Próximo Salto (Next Hop): O endereço IP do próximo roteador no caminho que o pacote deve tomar para chegar à rede de destino. Em alguns casos, pode ser a interface de saída diretamente conectada à rede de destino.
    • Interface de Saída: A interface física no roteador por onde o pacote será enviado para alcançar o próximo salto ou a rede de destino.
    • Métrica: Um valor numérico que representa o “custo” associado a essa rota. Rotas com métricas menores são geralmente consideradas melhores. A métrica pode ser baseada em contagem de “saltos” (número de roteadores no caminho), largura de banda, atraso, carga do link, confiabilidade, etc., dependendo do protocolo de roteamento utilizado.
  4. O roteador encapsula o pacote no formato apropriado para a Camada de Enlace de Dados da interface de saída e o envia para o próximo dispositivo (que pode ser outro roteador ou o host final).

Se o roteador não encontrar uma entrada específica para a rede de destino, ele pode usar uma Rota Padrão (Default Route), se configurada. A rota padrão é essencialmente uma “rota para todo o resto”, indicando para onde enviar pacotes destinados a redes desconhecidas. Em redes domésticas ou corporativas, a rota padrão geralmente aponta para o roteador que fornece acesso à Internet.

Tipos de Roteamento: Estático vs. Dinâmico

A forma como as tabelas de roteamento são populadas e mantidas define os dois tipos principais de roteamento:

Roteamento Estático (Static Routing)

  • Descrição: As rotas são inseridas manualmente na tabela de roteamento por um administrador de rede. As rotas permanecem as mesmas a menos que o administrador as altere. É como usar um mapa onde você desenha as rotas permanentemente.
  • Vantagens:
    • Simples de configurar e gerenciar em redes muito pequenas e simples.
    • Mais seguro, pois não há troca de informações de roteamento entre roteadores.
    • Menos carga no processador do roteador.
    • Ideal para configurar a rota padrão em roteadores de borda que se conectam a um único provedor de internet.
  • Desvantagens:
    • Não escalável: Não é prático para redes grandes ou complexas, pois requer configuração manual em cada roteador para cada rede conhecida.
    • Não adaptável: Não reage automaticamente a mudanças na rede, como falhas de links ou roteadores. Se um link cair, o administrador precisa configurar manualmente rotas alternativas.
  • Uso Típico: Redes pequenas, laboratórios de teste, rotas específicas que não mudam, rotas padrão.

Roteamento Dinâmico (Dynamic Routing)

  • Descrição: Os roteadores aprendem sobre as redes e trocam informações de roteamento automaticamente com outros roteadores usando Protocolos de Roteamento Dinâmico. As tabelas de roteamento são construídas e atualizadas dinamicamente à medida que a rede muda. É como roteadores conversando entre si para manter seus mapas atualizados em tempo real.
  • Vantagens:
    • Altamente escalável: Ideal para redes grandes e complexas como a Internet.
    • Adaptável: Reage automaticamente a mudanças na rede (falhas, novos links, congestionamento) encontrando rotas alternativas.
    • Menos esforço administrativo em redes grandes após a configuração inicial dos protocolos de roteamento.
  • Desvantagens:
    • Mais complexo para configurar inicialmente.
    • Requer mais recursos do roteador (CPU, memória) para executar os protocolos de roteamento e processar as atualizações.
    • Pode ser menos seguro se não for configurado corretamente (a troca de informações de roteamento pode ser interceptada ou manipulada).
  • Uso Típico: A vasta maioria das redes corporativas de médio a grande porte, redes de provedores de serviços, a Internet.

Algoritmos de Roteamento: A Inteligência por Trás do Dinamismo

Os Protocolos de Roteamento Dinâmico utilizam algoritmos de roteamento para determinar o melhor caminho para uma rede de destino e construir suas tabelas de roteamento. O algoritmo define como os roteadores compartilham informações, como eles calculam a métrica (o “custo” da rota) e como eles selecionam a rota “melhor” (com a menor métrica).

Existem diferentes classes de algoritmos de roteamento:

  • Algoritmos Vetor de Distância (Distance-Vector): Roteadores trocam periodicamente suas tabelas de roteamento inteiras (ou partes dela) com seus vizinhos diretamente conectados. Eles aprendem as distâncias (métricas) para as redes de destino com base no que seus vizinhos lhes informam. Pense nisso como cada roteador dizendo aos seus vizinhos: “Eu consigo chegar a essas redes em X saltos/custo”. Um exemplo clássico é o RIP (Routing Information Protocol).
  • Algoritmos Estado de Link (Link-State): Roteadores não enviam suas tabelas inteiras, mas sim informações sobre o estado de seus próprios links (quais são seus vizinhos, o custo para alcançá-los) para todos os outros roteadores no mesmo domínio de roteamento. Cada roteador usa essas informações para construir um mapa completo da rede e, em seguida, executa um algoritmo como o Dijkstra para calcular o melhor caminho (a rota com o menor custo total) para cada rede de destino de forma independente. Exemplos proeminentes são OSPF (Open Shortest Path First) e IS-IS (Intermediate System to Intermediate System).

Esses algoritmos e os protocolos que os implementam permitem que as redes dinâmicas se auto-ajustem e encontrem caminhos eficientes e redundantes para a entrega de pacotes.

O Gateway Padrão: A Porta de Saída da Sua Rede Local

Um conceito final importante no roteamento básico é o Gateway Padrão (Default Gateway). Em qualquer dispositivo final (computador, smartphone, etc.) configurado para redes IP, o gateway padrão é o endereço IP do roteador que conecta a rede local desse dispositivo a outras redes.

Quando o dispositivo precisa enviar um pacote para um destino cujo endereço IP está em uma rede diferente da sua rede local, ele simplesmente envia o pacote para o gateway padrão. O roteador que atua como gateway padrão recebe o pacote e, a partir daí, assume a responsabilidade pelo roteamento do pacote através da Internet ou de outras redes até o seu destino final, usando sua própria tabela de roteamento.

Conclusão

Roteamento de Redes de Computadores: O Roteamento é o processo essencial que torna a comunicação entre redes de computadores possível. Neste artigo, exploramos os conceitos básicos de roteamento, o papel vital do roteador como o dispositivo que toma as decisões de encaminhamento, como a tabela de roteamento orienta essas decisões e a distinção fundamental entre roteamento estático (manual, simples para redes pequenas) e roteamento dinâmico (automático, escalável para redes grandes).

Introduzimos também a ideia dos algoritmos de roteamento (vetor de distância e estado de link) que permitem que os protocolos de roteamento dinâmico construam e mantenham suas tabelas de forma inteligente e adaptável. Finalmente, vimos o papel do gateway padrão como a porta de saída da rede local para o mundo externo.

Dominar esses conceitos básicos de roteamento é um passo crucial para entender como os dados navegam pela Internet e por redes corporativas complexas. Ele constrói sobre os conhecimentos de endereçamento IP e máscaras de sub-rede, mostrando como essas informações são usadas na prática.

Esperamos que este artigo tenha iluminado o processo pelo qual seus pacotes de dados encontram seu caminho pela rede. Nos próximos artigos, mergulharemos em protocolos de roteamento dinâmico específicos e exploraremos outros aspectos avançados em redes. Continue aprendendo e traçando seu caminho para se tornar um especialista em redes de computadores!

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Author: Thiago Rossi
Eng. de Computação com quase 20 anos de experiência na área de TI, onde desde meu primeiro estágio atuo no setor. Iniciei como técnico de montagem e manutenção de computadores, evoluindo para a área de desenvolvimento Web e Analista de Sistemas e atualmente com foco em Redes e Cibersegurança. Resolvi compilar todo meu conhecimento na área de T.I para te entregar artigos que são verdadeiras jóias que te orientarão para que você também se torne um profissional nessa área e consiga mudar sua vida graças à T.I!